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Paralamas do Sucesso Selvagem?


O Paralamas lançou seu terceiro disco de estúdio em 1986, que foi intitulado Selvagem? Antes mesmo de qualquer música que compõe o álbum ser composta, o grupo decidiu o nome do trabalho e a capa, que tem Pedro Ribeiro, o irmão de Bi Ribeiro, em um acampamento vestido de “selvagem”, e essa seria a ideia do novo disco: mostrar o instinto selvagem e a independência da banda como uma forma de provocar, principalmente a gravadora EMI, que relutou com o projeto.


O disco foi produzido por Liminha, tem 10 faixas, aproximadamente 41 minutos, que vão do rock alternativo a MPB e fortes influências jamaicanas, como o ska, o dub e o reggae, acentuando o hibridismo musical presente na obra dos Paralamas do Sucesso.


O disco tem a uma versão de “Você” do Tim Maia na faixa 10, última do LP, e tem o instrumental “Marujo Dub”, na versão em CD tem um bônus que é a faixa 11, também instrumental, que é “Teerã Dub”.


O disco abre com “Alagados” e mostra um evolução na construção das letras da banda, e trás um Paralamas mais preocupado com problemas sociais. A música vai do rock ao reggae, mas com muita brasilidade na percussão que compõe a faixa:


“Todo dia O sol da manhã vem e lhes desafia Traz do sonho pro mundo quem já não queria Palafitas, trapiches, farrapos Filhos da mesma agonia”


A segunda faixa é “Teerã” um reggae com cara de new wave, e fala sobre a capital do Irã, Teerã, que , na letra, concentra toda as regiões de conflitos do Oriente Médio e se preocupa com as crianças que vivem nessa situação:


“Por quanto tempo ainda vamos ter Nas noites frias e nas manhãs Imagens de dor Em rostos marcados Pequenos demais pra se defender”


Em “A Novidade”, o Paralamas conta com a parceria de Gilberto Gil, o autor da letra, que fala sobre a desigualdade social, e traz o mundo na visão do poeta, encantado pela sereia, e do faminto, que necessita sobreviver:


“Oh mundo tão desigual Tudo é tão desigual O, o, o, o… De um lado esse carnaval De outro a fome total O, o, o, o…”


A música seguinte é “Melô do Marinheiro”, composta por João Barone, e trás um momento de descontração para o disco. A música mescla rock, reggae e ainda trás elementos do DUB numa história curiosa e cômica:


“Quando eu dei por mim eu já estava em alto-mar Sem a menor chance nem vontade de voltar Pensei que era moleza mas foi pura ilusão Conhecer o mundo inteiro sem gastar nenhum tostão”


Seguindo tem a faixa cinco é a instrumental “Marujo DUB”, e a faixa 6, no lado B do disco, é “Selvagem”, que dá nome ao disco, talvez a faixa mais densa e pesada desse trabalho, recheada de criticas sociais ao governo, ao racismo e a violência policial:


“Os negros apresentam suas armas As costas marcadas, as mãos calejadas E a esperteza que só tem quem tá Cansado de apanhar”


A música sete é “A Dama e o Vagabundo” uma balada com um certo groove, porém num ritmo mais lento, para falar da relação de um casal, que “combina o que for mais seguro”:


“Mas a gente combina o que for necessário Cê lava os pratos Eu lavo o carro Ou ao contrário Tanto faz”


Depois temos a canção “There’s a Party”, que mescla ska e rock n’ roll, cantada em inglês a música fala sobre o momento de distração das pessoas nas festas da noite, sem que haja uma preocupação com o próximo:


“I dont think they care bout me / When theyre havin fun / I sit and eat and / watch TV / The night has just begun / Theres a party / In the World at night”


O Homem” é a faixa nove, que vem em forma de reggae, numa forma de cantar de Hebert mais próxima do groove, a letra é densa e pesada e disserta sobre o que é nem sempre parece ser:


“Só então vê Que às vezes o covarde é o que não mata Que às vezes é o infiel que não trai Às vezes benfeitor é quem maltrata Nenhuma doutrina mais me satisfaz Nenhuma mais”

E fechando o disco o cover de Tim Maia, com a música “Você”, e como citado anteriormente, na versão CD o bônus “Teerã DUB”.


O disco Selvagem? é um grande trabalho dos Paralamas do Sucesso, não é a toa que figura na lista dos 100 melhores discos da música brasileira, da revista Rolling Stone, estando na respeitosa 39ª colocação. Canções como Selvagem, Teerã e o Homem mostra como esse disco é atual.


Os próprios Paralamas não consideram Selvagem? como sua melhor obra, e talvez realmente não seja, mas o fato é que o disco é um clássico, grande trabalho da banda, importantíssimo para a carreira de Hebert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro, e também importantíssimo para a música brasileira e que com esse trabalho respirou influências brasileiras no rock n’ roll.

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