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Entrevista com Pavilhão 9


O #SubmundoDoSom trocou uma ideia com o Rhossi, líder da lendária banda Pavilhão 9, que mistura rap e rock. Depois de um tempinho em stand by o Pavilhão 9 volta a atividade com o disco "Antes Durante Depois", que busca conversar com a nova geração sem perder o que tem de mais clássico no P9. Nesse papo, Rhossi fala do futuro do pavilhão, origem do nome da banda e o emblemático uso de mascaras. Agradecimento especial para Magali Magalhães e Izabella Cicala que ajudaram que essa entrevista acontecesse e ao Rhossi pela antenção. Confere aí:


Submundo do Som - Primeiramente parabéns pelo retorno da banda, pelo disco novo, e pelos 27 anos de caminhada do P9, 25 anos desde o primeiro disco. Sucesso aí na jornada. Comenta um pouco desses 25 anos de luta, desde o Primeiro Ato, o que de mais foda vocês viveram nesses anos? Pavilhão 9 - São 25 anos de trabalho e muita coisa aconteceu. Tocamos com muitas bandas, fizemos músicas com ótimos produtores como Tom Capone, Bill Kennedy, tocamos com músicos importantes, conhecemos estúdios por onde passaram grandes nomes da música, como no estúdio Scream, em Los Angeles, onde foi mixado o Nevermind, do Nirvana, e músicas do Ice Cube. Além de termos tocado no Rock in Rio, que foi o ápice da carreira. Tudo isso foi uma experiência única. Submundo do Som - Existe diferença do Pavilhão 9 de 1992 pro Pavilhão 9 de 2017, musicalmente falando? O que o tempo trouxe para banda? Pavilhão 9 - Cada disco tem o seu momento. Em 1992, quando lançamos o 1º Ato, éramos muito jovens e estávamos descobrindo tudo. Hoje, naturalmente, depois de ter tocando com muitos músicos, feito produção com diversos produtores houve um amadurecimento musical, as músicas e as letras estão mais bem trabalhadas. Esse álbum teve um cuidado muito especial na parte de produção musical e trouxemos também uma nova formação, que chegou para arrebentar. Submundo do Som - Quais são as influências do Pavilhão 9? O que vocês costumam ouvir e ajuda no processo de composição da banda? Pavilhão 9 - Eu posso falar de algumas influências que todos os integrantes da banda têm em comum: Public Enemy, Cypress Hill, Rage Against The Machine, Prophets of Rage, entre outras... Particularmente,tenho uma discoteca ampla, sou colecionador de vinil e escuto desde funk dos anos 70, passando pelo jazz de Miles Davis, que inclusive foi fonte de inspiração para a música "Na Malandragem", até músicas mais atuais, como Kendrick Lamar, Future, Kodak Black. O cinema e a literatura também são combustíveis para as composições do P9. Submundo do Som - A banda começou em 1990 né? Ai gravaram o primeiro disco, "Primeiro Ato" em 1992, que não tinha o peso das guitarras como nos discos seguintes. A banda sofreu preconceito por misturar o rap com o rock? Pavilhão 9 - Sim, o grupo se formou em 1990. Na época, quando lançamos o álbum "Cadeia Nacional", fazendo a fusão do rap com o rock, os mais puristas não entenderam a proposta. Porém, o disco foi um estouro, o público curtiu muito. Submundo do Som - Uma pergunta que não quer calar e ainda gera algumas dúvidas na galera, o nome Pavilhão 9 veio do famoso pavilhão do Carandiru ou da torcida organizada? Pavilhão 9 - O nome foi escolhido pelo nosso produtor na época, Marcelo 2 Da Bone. Inicialmente, o nome veio porque todos éramos corintianos e ele dizia que o nome teria relação com as letras que escrevíamos. O lançamento do 1º Ato coincidiu com o massacre do Carandiru e, naquele momento, toda a imprensa veio para cima de nós achando que éramos ex-presidiários ou que tínhamos alguma relação com a casa de detenção de São Paulo. O nome remete a tudo isso, mas embora muita gente ainda pense que somos ex-presidiários, na verdade ninguém nunca foi detido ou preso. Submundo do Som - A música "Otários Fardados" foi bem polêmica pra época, por expor os atos falhos da policia, essa música trouxe algum tipo de repressão para banda? O uso das mascaras veio daí? Pavilhão 9 - O lançamento do disco 1º Ato que trazia a música "Otários Fardados" coincidiu com o massacre no Carandiru e, obviamente, os policiais não gostaram nem um pouco da música, com o refrão "Otários Fardados/Otários Fardados Chamados Policiais". Na época, recebíamos ligações anônimas do tipo "Esse telefone é dos cantores de rap?", posteriormente a essas ligações, optamos por cantar e aparecer em qualquer lugar sempre encapuzados. As máscaras, com certeza, marcaram e estão até hoje na cabeça das pessoas como uma referência do Pavilhão 9. Costumamos dizer que a máscara representa o povo trabalhador, o povo oprimido e, nos show, ela é um elemento essencial. Submundo do Som - E como foi o retorno do Pavilhão 9 para a cena? Como foi a ideia de tirar a banda do stand by? Pavilhão 9 - O retorno está sendo positivo, tanto para o público que já conhecia a banda, como também para o público mais jovem que ainda não conhecia a banda. O Doze e eu somos vizinhos do bairro e sempre conversávamos sobre a possibilidade de voltar com o Pavilhão. Sabíamos que seria um desafio. Foram 3 anos de trabalhos, pensando nesse novo mercado (streaming/youtube), temas de letras, capa do disco, profissionais e principalmente na nova formação, que quero destacar que chegou com muito som e atitude para somar. Submundo do Som - E tem gente nova na banda né? Quem são os maluco que vieram pra somar com o P9? Pavilhão 9 - Leco Canali (bateria), Rafel Bombeck (Guitarra), Heitor Gomes (baixo) e DJ MF nos toca-discos. Trabalhamos juntos por 1 ano para a conclusão do álbum. Foi muito bom ter criado esse novo disco com eles. Chegaram com uma nova energia, algo que estávamos precisando. O Heitor Gomes, em 2012, já havia ensaiado com a banda para o Lollapalooza, já conhece a história da banda e chegou forte com as bases das músicas "Tudo por Dinheiro", "Antes Durante Depois", "Boca Fechada", entre outras. Ele foi determinante para a conclusão do álbum. O Leco, eu já conhecia do Tolerância Zero, somos parceiros de música. O Rafael já havia tocado comigo no meu trabalho solo. Todos estavam muito próximos até que eu fiz o convite. A reunião de todos foi um processo natural.

Submundo do Som - O disco "Antes Durante Depois" vem pra falar um pouco desse cenário político caótico que o Brasil vive, vocês acham que falta um pouco mais de som de contestação no cenário atual do rap e do rock? Pavilhão 9 - Os temas do Pavilhão 9, desde o primeiro disco, em 1992, aborda essas questões. Cada um tem a sua forma de fazer música, mas notamos que, atualmente, muitos estão vivendo de fachada e achando que o céu é de brigadeiro. Esses assuntos não estão sendo abordados, e eu acho que devem ser colocados em pauta. Nos preocupamos com o jovem e, por isso, também, decidimos fazer músicas e letras com um conteúdo, acender uma faisca de pensamentos, mas sem ditar regras, como faça isso ou faça aquilo. Trouxemos outros temas também, questões mais mundiais, na música "Isto Não Para", uma versão do rapper Espanhol Kase. O. Nessa música, falamos dos refugiados, das guerras, dos presidentes obcecados e corrompidos pelo poder. Submundo do Som - O Disco "Antes Durante Depois" ele trás instrumentais modernos, mas também não deixa de lado a pegada da "golden era", ou seja, dos anos 90's, como nas faixas "Na Malandragem" e "Isto Não Para", que fecham o disco. O álbum foi planejado pra ser um trabalho que conversa com as gerações mais novas e o público das antigas do P9? Pavilhão 9 - Pensamos nas produções e como elas iriam conversar entre si. Visitamos o que tínhamos feito de melhor nos discos anteriores do P9, acrescentamos as novas tendências musicais e misturamos tudo. O produtor Nave foi importante quando topou fazer a base de "Pesadelo Gangsta", isso nos trouxe para a atualidade como diz na própria música: "Tome cuidado onde pisa/ De volta pro futuro". Conseguimos misturar todas essas referências de forma que ficassem bem homogêneas, desde a Golden Era até o que esta acontecendo hoje no mundo da música. Sem forçar a barra. Estamos felizes com o resultado do álbum. Submundo do Som - Ajuda ai os manos que querem conhecer um som novo, daqueles mais desconhecidos, do Submundo, o que vocês podem indicar pra galera? Pavilhão 9 - Vou indicar aqui alguns nomes: Tim Dog, 7 Notas 7 Colores, artistas do projeto SoleSides, Unsung Heroes... Submundo do Som - Quais os sonhos que o P9 ainda pretende realizar como banda? Pavilhão 9 - Queremos levar a nossa música para fora do Brasil, tocar em festivais internacionais como: Reading and Leeds, Coachella, Lollapalooza (Chile), Rock and Ring. Submundo do Som - O que o Pavilhão prepara de novo? O que os fãs podem esperar? O disco Antes Durante Depois vai sair em vinil também? Pavilhão 9 - Agora, o foco está sendo na "Tour Antes Durante Depois", queremos levar o show para todo o Brasil. Temos planos para produzir um DVD. E, em breve, no nosso canal no YouTube, vão entrar três episódios com o making-of das gravações do álbum. Submundo do Som - Que mensagem vocês deixam pros manos que curtem o trampo do Pavilhão? Pavilhão 9 - Vocês foram determinantes para a volta do Pavilhão 9. Muito obrigado e somos todos 9! Nessa batalha nunca podemos desistir. Submundo do Som - E pra falar com o Pavilhão 9? Quais são os canais da banda? Pavilhão 9 - Facebook/Pavilhao9.Oficial

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