top of page

O Fantástico Mundo Popular do Sombra



Em 2003 o MC Sombra, que já colou no SNJ, lança seu segundo disco solo: O Fantastico Mundo Popular, que dá sequencia ao seu trampo logo depois do “Sem Sombra de Dúvidas”, o disco foi produzido por Marcelo Cabral e Daniel Bozzio e gravado no estúdio Fine Tuning, uma realização do coletivo Matilha Cultural.


O disco abre com “RAP do Brasil” com beat pesado e levada fantástica do Sombra, a batida é mutante, saindo do aspecto sombrio e deixando o som dançante, e finalizando com o mesmo peso que iniciou:


“Eí nego véio, paz me diz como é que vai Manda abraço pra família pra quebrada e pros demais No mais, há algo contagiante Viva e deixe viver, bem melhor assim Sobrevoar longínquas distâncias Agradeço ao pai eterno aonde o rap me levou Ahh…. Quanto tempo faz, Ja faz muito tempo desde a última década de novescentos”


A Faixa seguinte é a “Movimente-se”, que como o próprio nome sugere é uma faixa bem pra cima, com os BPM acelerado, com refrão que lembra o funk carioca, num som pra falar dos moleque doido dos bailes:

“Sagaz sem velocímetro na pista, cronômetro com passo a passo aonde os pés habita Borá, ora bolas girando conforme rotação e translação Muita coisa acontece neste ciclo nesse ciclo muita coisa acontece não é à toa Oi pra que sofrer sem dores, vamos plantar árvores Semeia bondade na terra pra que possamos colher pé de amores”


Música 03 é a criativa e inusitada “Piada cabeluda”, onde o Sombra quebra todo e qualquer protocolo do rap e vem rimar sobre um cabelo cumprido:


“ Não tem pra calvície não tem pra careca do idoso Penteado style louco é o do palhaço Bozo Lava, esfrega e puxa usou como cabelo Então a vassoura da bruxa Que todos os contadores de piada nos acuda Cadê o faz-me-rir com uma piada cabeluda Peruca com óculos tem gente que usa Quero ver fazer implante de cabelo na cabeça da Medusa”


Próxima música é o “Noticiário estéreo”, Sombraman vem numa faixa com os BPM lá em cima, naquele flow característico, num misto de ragga e funk miame base numa faixa que cita os problemas cotidianos, principlamente com o meio ambiente, e que saem nos noticiários:

“Me digue, me explique direito, bem melhor assim man Vou questionar os demais operacionais ítens Todas as atenções, algo me tirou do sério, manchete divulgada no noticiário estéreo Todo um porquê, um critério, o que os homosapiens fazem lá no ministério Uh trelelê tralalá, deixe estar, no breque só não pode capotá


O “Melô do doidão” é a faixa cinco, com beat mais lento, mas que alterna para um funk, enquanto que o MC Sombra mantém a levada acelerada:


“Deu a louca no rapaz errou o caminho quando olhou pra trás Aviação canela no pique demorô um transeunte praticante e tudo mais Ele diz que é um dos meus ele diz que é um dos seus Não dá viajem perdida não procura o que não perdeu Paciência, paciência o processo do menino é muito lento Hei! Deixe me ver é o seguinte meu caro elementar o beat pede um swing No pega de lá chega pra cá, chama a dama pra bailar Teta com mamilo, mamilo com teta gruda no rosto dela e vira a aba da bombeta”


Seguindo o disco temos “Baque na Molera”, Sombra vem descontraÍdo pra falar de um assunto sério, as drogas, sejam elas quais forem, numa batida deliciosa de se ouvir, numa letra bem escrita seguindo uma métrica de 4 versos por estrofe:


“Tá com o vírus do baque tá ruim da cabeça Diagnóstico do menino, uma pá de coisera Raciocínio lento, acusou a despinguelera Vish ! Huuu ! baque na molera

Surtou na bula, mexeu com o psico do rapaz Baque na molera Tomou até um anti-baque, tomou demais É baque na molera pode pá”


Rapadura Xique Xico chega junto com o Sombra para “Chuva de gente estranha”, numa mistura de rap e xote, para falar do que é gente estranha:


“[Sombra] Se um somos todos, então todos somos um Homens trabalhando, porém algo em comum Rap regional cheio de ziriguidum Música, diplomacia, trâmite no mercosul Mas os minino é repente é rap embolado Oxente é o Brasil lado a lado

[Rapadura] O cabra não fala inglês e dizem que sou abestado Pois não tenho um atestado e só falo nordestinês O role dai … o rale dei Ta ralendo … rela lá atrás A barrela já ta demais é um vai e vem que nunca acaba É uns que sobra outros desaba E o que foi não volta mais”


Na próxima música, Sombra fala sobre os camelos em “Cambalacho Mutreta”, mantendo o bom o humor, principalmente na intro da faixa “Relógio do MC Sombra, é sombralógio”, saca só:


“Propina pra pagar, quem tem se mantém Só estou com alguns contos, no bolso porém Vi meu CD pirata, antes mesmo de sair da fábrica Eu zangado, injuriado com um tapa olho na cara Certo pelo certo, errado pelo errado No proceder com o vendedor pra ele ficou embaçado

Dinheiro é muito bom, dignidade também Lutar pela verdade faz parte do bem A justiça tarda mais não falha Só estou com alguns conto no bolso Porém, mano na cidade olha quanta gente”


A faixa 09 é a “Mano Eu Vou Ali Comprar Um Chá — Parte 2”, que trás participações de Rael e Jorge Du Peixe, do Nação Zumbi, num instrumental pesado que trás um reggae e flow que te faz viajar, de todos os envolvidos:


“[Sombra] Hoje tem jogo, tem um chá As criança tá na casa Só pipoca com guaraná. Conectei, liguei os loco Vamo prá um outro barraco Vê o jogo tomá um chá

[Rael] E chá, chá, chá mate Cho, cho, chocolate Pode deixar, minha parte Eu me sirvo à la carte O mano, ja foi buscar ali u Sombra que me falou Vamo fazer o chá dois Eu disse, demorô, sô rasante louco também, São várias conexão O mano que foi já vem Trazendo um chá du bom

[Jorge Du Peixe] Vou agora prepará, um vôo a base de chá O chá vai esquenta Festa com chá verdim du bom Clareando a cor, o tom e o som Foi ali e voltou, brasa de mão em mão Fumaça saindo pelos poros dessa maloqueira comunhão Um parque de diverções na cabeça Pra que você não esqueça”


Fechando o disco, a faixa 10 é “O Homem sem Face”, que deixa o clima mais tenso, numa letra que fala sobre pessoas que se passam por outras, até que a mascara cai, destaque para o marcante refrão e o fantástico flow do Sombra:


“Menino bom disciplinado leva multa A cara é parecida com a do outro e não oculta Sigilosa linha os araponga na escuta Quando foram ver o rapaz era de boa conduta

Esquizofrênicos, bipolares são vários, são várias faces Tem os que mete o louco e já saca dos disfarce A oposição, o boicote, o impasse Gerado por ideias do fruto de um multifaces”

No Submundo (recentes)
Arquivos
#Submundo_do_som
No tags yet.
bottom of page